Espicaçando o Marketing

Em tempos bicudos, de transformações e mudanças, há que espicaçar. Quem pode espicaçar? Todos e cada um que tem um mínimo de discernimento do presente e sabem que à semelhança do que aconteceu com o Titanic, não tem sentido continuar tocando na orquestra.

sábado, abril 19, 2008

Mudamos de endereço


Nós somos profissionais de marketing. Aprendemos com o Kotler que nosso ofício consiste em entender o mercado e atender as suas necessidades.

Por isso concluímos que nossa blogagem precisava tomar outros rumos.

Lançamos o Espicaçando o Marketing versão 2.0, com várias novidades :

1. Toda 3a feira você poderá ler a espicaçada do Adiron. Toda 5a feira, a do Volney.

2. Mensalmente proporemos questões para reflexão, abertas a quem quiser responder, discutir, espernear.

3. Também mensalmente teremos um Espicaçador Honorário como autor especialmente convidado.

4. O blog também ficou mais rico com links para outros marketeiros que populam a blogosfera e as nossas indicações marketo-literárias

Venha conhecer no novo Espicaçando o Marketing

Se quiser receber regularmente notícias de novas postagens é só avisar ou se cadastrar em alguma das ferramentas do site

Abraços espicaçados

Volney Faustini

Fábio Adiron

quinta-feira, novembro 29, 2007

O Ônibus


Quando era bem moleque fui morar nos Estados Unidos. Diariamente eu tinha que me apressar até a praça vizinha para pegar o ônibus escolar pontualmente às 7:10 da manhã. Era dirigido por aquela senhora um pouco acima do peso. É provável que você já a tenha visto nos filmes da sessão da tarde da Globo. Ela me levava, juntamente com meus colegas até a porta da Patton Junior High School. E à tardezinha, quando terminava minha última aula, lá estava ela com a manivela da porta estendida, pronta para fazermos o trajeto de retorno. Uma rotina diária e incansável dentro daquele ônibus amarelo.


Hoje, eu não tão jovem e meus cabelos a se encanecer, tomo minha condução para o aprendizado diário. É um aprendizado diferente, mas ainda mais necessário. É a atualização, o pulso, a eletricidade do mercado com suas decisões e novidades. Tem muito a ver com a Inovação – meu prato predileto e principal.

Nestes tempos, o meu ritmo é mais cadente. Nada daquela pontualidade tirana. Hoje, esse ônibus que me leva a lugares de novos aprendizados, completa doze anos. A condução não é tangível - física. Só que os lugares são reais, mas bem virtuais. O ônibus é digital e chama-se bluebus.

Conheci o bluebus no século passado, assim como uma boa galera da área de comunicação. Para mim e para muita gente, bluebus passou a ser link obrigatório. Em alguns casos, abro o ônibus antes do uol.

Os integrantes de bluebus - fui conhecendo em eventos e ligeiros papos por email – são jornalistas, pensadores, práticos e especialistas.

É espaço obrigatório para quem trabalha com comunicação e marketing. Ou seja todo mundo! E tem a ver com a propaganda, também. Mas bluebus vai a todos os lugares: pessoas e empresas; anunciantes e agencias; produtores e veículos; tendências e monitoramentos; novidades e furos; expressões e interatividade. Mas, acima de tudo é Conhecimento. A tal da knowledge que nos lembra ser o marco desta Era em que vivemos.

Como balinhas multicoloridas no pote, as notícias vêm de todos os cantos e de todas as fontes. Notícias curtas e opiniões concisas. Nessa compilação temos mais que um bom retrato da última década. É a própria formação e simbiose desse meio. E o meio – bem entendido, é a mídia e o no-media.

Conecta-me a uma das frases basilares da economia digital: o mercado não é um lugar, são conversas. E nesse aniversário de doze anos, temos mais que a evidência – a prática diária de diálogos, de interatividade e da voz livre. Comemoremos.

A responsabilidade que Julio Hungria e Elisa Araújo têm é tremenda. Primeiro porque manter o ônibus em movimento já é um grande desafio. Como tudo nesse mundo louco, a demanda por superação do passado é um sonho misturado com pesadelo. Nem sempre acordamos bem. E segundo, como superar algo que já nasceu bom? A fórmula que eles têm encontrado é simples: inteligência e talento. A manutenção desse par é que não é tão fácil. Mas a boa mão do Julio e a sagacidade da Elisa provam competência. Mas como sempre, será uma luta diária.

No mais, é só alegria. Parabéns a vocês dois e à sua fabulosa equipe.

Na rotina do dia a dia, hoje mais uma vez vou subir com um clique. E me deliciar dentro desse ônibus azul.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Vestindo a carapuça




Logo que li, percebi que era para mim. Um anúncio em página dupla, me chamando de 'profeta' e eles fazendo o que? Profetizando a minha morte! Justo esta que é certa como o meu nascimento, ou melhor, que é certa desde que nasci.

A cronologia é que era estranha. Eu - diziam eles (referindo-se a mim e a meu grupo), morreria antes da propaganda!

O texto da ALMAP BBDO, publicado na VEJA (páginas 36 e 37 de 7 de novembro) só não é mais claro por não terem colocado os nossos nomes lá no topo. Preferiram generalizar:




Os profetas dizem que a propaganda morreu.
Algo nos diz que os profetas vão morrer antes da propaganda.

Antes de mais nada uma breve justificativa. Já tratei do assunto várias vezes. Pelo menos em 2003, e ainda em 2003, 2004, mais duas vezes em 2006 e aqui, e em 2007. E é possível que - e se me der na telha (e viver até lá), poste novamente no ano que vem. E depois devo parar - pois chega. Estou de saco cheio desses caras. E lhe garanto que não estou sozinho.

Por que?

Não sou eu, nem o meu grupo, nem os verdadeiros profetas (estudiosos e acadêmicos) que o dizem. São os próprios publicitários que de forma cabal e definitiva já puseram a pá de cal em suas atividades!

Peguemos o texto do anúncio cartaz. A lógica do argumento inicia-se com um primor de premissa: toda previsão como regra é pessimista ao prever guerras e catástrofes ...

Primeiro, que antecipar o perigo é importante para a sobrevivência desde que o mundo é mundo! E segundo, a calamidade só acontece para aqueles que não atendem ao apelo de alerta, quer para se refugiar ou até mesmo se evadir.

Em seguida, atribui-se aos ditos profetas o veredito de que: o surgimento das novas mídias que decretaram a morte da velha mídia. Duas falácias em uma. Pegue só uma, mas pague duas! O que estão a dizer é que as novas disciplinas de comunicação (sic) são o fato gerador! O bebêzinho fez papai e mamãe fecundar! Essa é a primeira falácia (estupenda!). Agora pegue a segunda: propaganda é igual a velha mídia. Uma coisa é uma coisa, e a outra coisa, é outra coisa. No passado as duas eram bem próximas e eternas namoradas enquanto o romance durasse. Só que a segunda evoluiu, inovou, se re-inventou, alargou-se, ampliou-se e mudou. E a primeira ...

As omissões são feitas com muuuuuita perspicácia. Coisa de publicitário - dos véios, antigos, apesar de idade nova e de gel nos cabelos.

O ovo de Colombo

O coração do argumento está nesta pérola:




A Almap acredita que a propaganda, tenha ela o formato que tiver, sempre existirá. E dependerá de uma grande idéia.


Êpa! Olha só onde foram se inspirar! Em Soren Kierkegaard, o famoso filósofo dinarmaquês do Século XIX, pai do existencialismo. Uma de suas sacadas de gênio é conhecida como o salto para a fé. Ou seja, a subjetividade profunda serve para dar significado às suas decisões. Por exemplo, quando nada mais tem solução, dê um salto de fé - não importa qual seja o objeto de sua fé. Pule no escuro! Creia no seu ato, a despeito de não se ter ou mesmo, contra a evidência empírica. E foi isso que eles fizeram! Eles acreditam ...


O defunto está morto e mal cheiroso, gélido e ascoroso. Mas continuamos a tratá-lo como se num sonho.

E a segunda sentença da pérola? Aquela que diz: E dependerá de uma grande idéia. Além de acreditar há uma salvaguarda: a grande idéia! Não lhe soa bem novo? Algo que nunca lhe disseram? Pelo que sei, e pelo que me foi ensinado por muitas pessoas e pela própria vida, nas mais diversas situações, a grande idéia é irmã siamesa da grande história.

Participantes do mercado de trabalho, eu vos pergunto: sobreviverás se não estiveres construindo uma grande história? Que lugar vos reservarão se fores (como indivíduo ou empreendimento) um mero transeunte?

E ainda não acabou. O dito reclame textual segue:



Afinal, o trabalho da Almap é reconhecido não apenas ... como também pelas mídias interativas, pela comunicação integrada, pelas ações promocionais, etc., etc., etc.

Êpa, êpa, êpa!!! Três vezes êpa! A propaganda como propaganda está vivinha da Silva! Mas, por precaução, e porque o seguro morreu de velho, e em todos os 'causos': deixe-me investir no etc., no etc., no etc., e nas ações promocionais, na comunicação integrada, nas mídias interativas!

Depois dessa, só posso encerrar com: Rest in peace!

terça-feira, agosto 28, 2007

O som da sua voz


Um dos conceitos basilares que domina o bom tom do atendimento - quer no face a face, quer ao telefone, tem a ver com a naturalidade e espontaneidade.

"Cuidado" adverte o instrutor, ao preparar seus pupilos para o front do contato com o cliente - "você tem que ser você mesmo, pois o cliente percebe por sinais indiretos, quando você está forçando a barra, sendo simpático na aparência exterior tão somente, ou mesmo ao disfarçar sua impaciência."

A situação é mais crítica ainda quando se trata do telemarketing. A voz do operador, é a voz da empresa. E todos nós - consumidores e usuários de diferentes centrais de atendimento, sabemos o quanto a voz é o tom, o som, e dom da entidade por trás do funcionário.

Não é a toa que em 99 os célebres Quatro Cavalheiros do Apocalipse Digital (apelidado por mim): Chris Locke, Rick Levine, Doc Searls e David Weinberger lançavam o Cluetrain Manifesto. Voce pode ler em português aqui - é uma parte do livro (também disponível em português nas livrarias).

E alertavam para que as empresas parassem de nos provocar com artificialismos, mentiras e pequenos golpes. Sabe por que? Porque na internet todos os reis estão nus!!



Uma poderosa conversação global começou. Através da Internet, pessoas estão descobrindo e inventando novas maneiras de compartilhar rapidamente conhecimento relevante. Como um resultado direto, mercados estão ficando mais espertos—e mais espertos que a maioria das empresas.



E veja como a vingança vem a cavalo (saiu hoje na Folha):


Governo dos EUA e do Vaticano empresas como a Apple e a Microsoft estão entre os revelados pela criação de Virgil Griffith.


Trata-se de um controle para saber quem mexeu na Wikipedia. Como todos sabem a Wikipedia é o grande símbolo da distribuição do conhecimento e do processo colaborativo, juntamente com o Linux e os sistemas de código aberto.

Pois bem, através de um monitoramento hacker (não confunda com cracker) o site nos ajuda a ver como os IPs da Casa Branca modificam a verdadeira história (pode ser por exemplo da época de alcóolatra do Bush e suas brigas com o pai) assim como as Grandes Corporações maquiam seu marketing e sua comunicação.

terça-feira, junho 12, 2007

Curtas de Terça

Foram 4 milhões ...

Organizadores da Marcha para Jesus (07/06)

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Foram 4 milhões ...

Organizadores da Parada Gay (10/06)

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Comprei o bilhete do metrô: R$2,30. E ao passar nas catracas, lembrei-me do Fischer que numa entrevista disse que de vez em quando ele andava de ônibus para ver se o cobrador continuava pedindo: “Um passinho a frente, faz favor ...”

Eu fui verificar se realmente tem que puxar a cordinha pra parar nas estações.

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Professor Nelson Barricelli (especialista em Varejo – da USP), na CBN:

"Tem gente que gasta para comprar mais barato. Para esses a questão de preço é tão somente percepção, pois objetivamente não conseguem dizer o quanto foi economizado em suas andaças ..."

De novo repito, mas de outra maneira: “Só de vendas o Brasil vai pra frente”

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Uma companhia aérea pode ter os melhores aviões, as melhores rotas, os melhores pilotos, os melhores diretores, mas, se a moça do check-in tratar mal o cliente e a aeromoça for antipática, você perdeu
tudo.


Fernando Tigre – ex-presidente da Alpargatas

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Pensamento do dia:


A convicção mais séria que um homem deve ter é que nada deve ser levado tão a sério.

Nicholas Butler (1862-1947)

domingo, junho 03, 2007

Sua segunda chance


Second Life (SL) é uma criação própria e exclusiva para a Internet. A partir daí já tem seu valor. Com a forte adesão de internautas de todos os cantos do mundo, se tornou um dos principais fenômenos da era digital.

Para quem não está familiarizado com essa iniciativa, trata-se de um mundo virtual completo, onde se pode replicar uma nova vida dentro de um ambiente completo e paralelo à sua primeira vida. Com todos os efeitos de um mercado real, pode-se estabelecer residência, moradia, e até negócios no SL. E viver do jeito que se sonhou ou se deseja. É em resumo uma segunda chance - mais controlada e com mais experiência.

A pergunta que vem à tona: Como uma empresa pode tirar vantagem comercial desse ambiente? deveria ser motivo de discussão e análise. Hoje a mais significativa experiência brasileira está nas mãos da Tecnisa. Com um Stand no SL ela pode levar potenciais clientes e interessados para o mundo real. O simples fato de estar lá – já é merecedor de elogios. Independente de análises pragmáticas de custos e retornos ...

Neste mês a Editora Abril promove o seminário: SECOND LIFE – Que Negócio é Esse?, numa realização da revista INFO. Haverá desdobramentos.

De novo, acho muito positiva a iniciativa. É adiante do tempo que temos de estar. Tudo indica que o número de adesões para o SL, aqui no Brasil, ainda é substancialmente menor, comparado a outras iniciativas digitais. Mas para quem está ligado ao Mercado e aos modernos meios de comunicação e interação, estudar é preciso. Vamos aguardar o progresso. Ele vem na velocidade do pensamento.

Afinal, fenômeno, explosão e surpresa são marcas indeléveis do Século XXI.

terça-feira, maio 29, 2007

O Brasil só vai para frente com venda


Achei que o duplo negativo seria ruim para os ouvidos: o Brasil não vai para frente sem vendas. Achei melhor ao criar essa campanha, para ser lançada em âmbito nacional usar uma coisa mais positiva.

Mas e, o por que desse tema?

Em conversa com meu pai neste domingo, após o almoço, ele lembrou de seu falecido amigo Camargo Almeida. Era um vendedor nato! Não tinha senões, não tinha barreiras que não conseguisse transpor. Viajou pelo mundo afora e vendeu as coisas do Brasil e vendeu o próprio Brasil, como marca, como força, como procedência, como credibilidade.

Acho que o que falta no Brasil de hoje são mais empreendedores vendedores. Sim – há uma fila de gente querendo sair de seus empregos, para se transformar em empresários, mas não conseguem vender uma nota de R$10,00 por R$5,00! Que tipo de empreendedor será?

A história que ilustra bem a homenagem que quero prestar a esse grande vendedor de Brasil, Camargo Almeida, é o episódio dos abacates tropicais. Percebeu que os europeus não conseguiam fazer a famosa vitamina brasileira porque colocavam o fruto juntamente com o caroço dentro do liquidificador. Para resolver esse impasse, ele mandou colar uma ‘bula’ com instruções, na casca dos abacates.

Nada impedia o progresso de suas empreitadas. Com muita inteligência, ação e persistência ele alcançava seus objetivos. Percorreu o mundo vendendo frutas, alimentos, e coisas tropicais.
Creio que podemos abordar e analisar desafios e soluções empresariais por diferentes ângulos e perspectivas. Mas o mais importante de todos eles, é pela ótica das vendas. Pode-se diagnosticar, analisar e até estrategizar. Tudo tem seu valor e seu momento. Mas dê uma boa olhada no comercial e veja como a empresa está em comparação com o que deveria estar! Vendas é tudo!

Os mais sofisticados marqueteiros certamente torcerão o nariz. Insistem que vendas é uma coisa, e marketing outra. Se Drucker falou que Marketing é tudo, eu iria além e diria que Vendas é tudo. Daí que criei esse moto para uma campanha a ser levada ao ar e, com a criação de itens que vão gerar um clima legal para o movimento. Que tal adesivos para os pára-choques dos carros e caminhões? E bottons e cartilhas para serem distribuídos gratuitamente?
Tenho ouvido conselhos na rádio, e lido artigos para quem está desempregado ou quer trocar de emprego. Mas eu diria: abandone essas idéias e parta para vendas. Vendas é tudo!

Está querendo ganhar mais grana? Vá para vendas! Quer um emprego melhor? Vá para vendas. O bom vendedor não conhece crise, não conhece desemprego, não conhece um sonho que tenha sonhado e não tenha se realizado!

Pode rir, mas é verdade. O céu é o limite para quem vende. Se não tiver nada para vender, invente algo! Se o mercado interno estiver tumultuado, vá para exportação.

Se pudesse lhe dar um conselho, este seria: feche os olhos e mergulhe em vendas. Obedeça cegamente esse princípio - pois só assim terás progresso!

O Brasil, só vai para frente com venda!