Espicaçando o Marketing

Em tempos bicudos, de transformações e mudanças, há que espicaçar. Quem pode espicaçar? Todos e cada um que tem um mínimo de discernimento do presente e sabem que à semelhança do que aconteceu com o Titanic, não tem sentido continuar tocando na orquestra.

terça-feira, maio 30, 2006

A casa já caiu!


Para que não se tenha dúvida: nosso negócio aqui no espicaçando é positivo. Nossa agenda – apesar do rompimento com o passado, é de construção. Compreender e assimilar. Aprender e contextualizar. Um novo construir. Uma nova construção.

Veja o que vai acontecer semana que vem em NOVA IORQUE!!

É o 2006 Innovative Marketing Conference! Dias 8 e 9 de junho. Organizado por Corante* e a Columbia Business School**.

Veja a chamada:
With the field of marketing in the throes of rapidly shifting market dynamics and a media industry being radically reshaped by the Internet, it’s time to take a hard look at what can and must change for marketers to take advantage of this new landscape and lay a fresh foundation for marketing that builds on the principles and practices of the past.
Tradução:
Como que sofrendo dores de parto, pelas rápidas mudanças da dinâmica de Mercado e o setor de Mídia radicalmente se transformando por causa da Internet – já é hora de se olhar de frente o que pode e deve ser mudado. Dessa forma os marqueteiros poderão aproveitar essa nova visão e estabelecer um novo alicerce para o marketing que se mantém em princípios e práticas do passado.

Continuam:
Uma provocativa e iluminadora visão de como o Marketing está se transformando frente às profundas forças de ruptura.

Alguns do pontos nevrálgicos (pain points):
• Proliferação de mídias (meios)
• Escolha de produto
• Network de consumidores
• O efeito TIVO

Ao mesmo tempo algumas inovações radicais estão acontecendo na prática do marketing:
• Marketing de busca
• Marketing viral
• Experiência do Cliente
• Boca a boca
• Comunicações móveis
• Envolvimento do Cliente

É isso e mais um pouco que será discutido no 2006 Innovative Marketing Conference!

*Corante é a primeira empresa de mídia blog do mundo – onde pensadores, comentaristas e jornalistas escrevem, discutem e relatam: casos, análises, artigos e estudos.

**Columbia Business School (NY) está junto nesse SUMIT, através do GLOBAL BRAND LEADERSHIP, além de outros patrocinadores e apoiadores (como a revista FAST COMPANY que colocará 10 colaboradores blogando o tempo todo, diretamente do evento).

- - - - - - - - -
Nosso desafio: acompanhar via Internet o que acontecerá nesses dois dias e aprendermos um bocadinho! Precisamos de voluntários - quem pode nos ajudar?

sábado, maio 27, 2006

Quem se comunica, confunde


O sábado amanheceu em neblina na nossa querida e desvairada São Paulo. Ainda sem iniciar os treinos do GP de Mônaco, e o tema ‘marketing’ movimenta como um turbilhão em minha mente. A analogia da neblina é apenas o princípio: os players comuns não conseguem passar ao mercado uma visão clara do que vendem e nem dos valores que seus produtos representam. Por mais que se esteja bem equipado (um bom carro, por exemplo), dirigir na neblina requer muuuuuuuuito cuidado e o fator tempo deve ser seu aliado – não seu inimigo.

Outra analogia é a confusão. Os tempos pós-modernos do discurso sempre subjetivo, conforme Foucalt, é uma explicação, porém não a considero a explicação.

Confusão: Desorientação e Síntese (Óleo por Martina Nehrling), ilustrado acima, é mais apropriado para a propaganda.

E mesmo quando a verba publicitária não é um dos limitadores – pouco efeito prático vai dar a freqüência (o ato de se repetir incansavelmente a mensagem).

Nas aulas e seminários, quando quero argumentar acerca das limitações que o Marketing impõe para nós - os infelizes que perdemos o bonde dos tempos áureos da Comunicação, utilizo um truque barato. Pergunto: "quantos de vocês se lembram do comercial do Tio da Fanta Laranja no elevador?"

Quase a totalidade do grupo levanta a mão. E nas freqüentes vezes em que não sou corrigido, chamo a platéia de mentirosa (com jeito e simpatia) e digo: “Esse comercial é da Sukita!” E complemento: “Mas é exatamente esse o efeito que causa no mercado: no dia seguinte bares, lanchonetes, vending machines e restaurantes aumentam as vendas de Fanta Laranja – e não de Sukita!”

Num momento mais recente fui corrigido (e quase chamado de mentiroso). Ironia! Estávamos a discutir o posicionamento do sabonete Francis – fruto da recente aquisição da Unisoap pelo Frigorífico Bertin.

Sem saber de meu erro, mencionava que a verba para re-posicionar a marca, com uma campanha massiva na mídia eletrônica estava simplesmente um lux-o. Só que fui imediatamente corrigido, pois me referia à campanha do sabonete Albany. Este por sua vez tem outro frigorífico no controle - o Friboi. Apesar de cinco meses na TV precisou que alguém do segmento acionasse o botão de ‘stop’ em mim – o que imediatamente agradeci.

Efeito semelhante, porém mais profundo acontece com a associação de celebridades à marca. Mas já iniciaram a discussão acerca disso no inteligentíssimo saite do Carlos Merigo - o Brainstorm#9. Vale a pena pela postagem e seus comentários, aqui.

quarta-feira, maio 17, 2006

O livro de Marcola


Imaginemos que o tal de Marcola tenha escrito um livro! A resenha seria a que segue:

Título:
Dez princípios de Marketing Pessoal e Liderança

Autor:
Marcola – presidente de uma Organização Anti Governamental com 140.000 membros.

O conteúdo:
O autor é um autodidata com 38 anos de idade, que terminou o ensino fundamental somente na idade adulta. Parece ter vivido intensamente múltiplas experiências, e com isso estabeleceu alguns princípios para o desenvolvimento da liderança pessoal e de um marketing extremamente diferenciado. Sem depender de grandes verbas ou da realização de campanhas estruturadas, ele esmiúça aquilo que considera regras chaves de comunicação.

Princípio 1 – Tenha um nome forte como marca.
Vincule o seu nome ou apelido à força e ao símbolo que você quer dar à sua pessoa e à sua personalidade. Sua marca deve ser fácil de lembrar, de pronunciar e de colar. Faça as pessoas lembrarem de sua marca – mesmo que seja um apelido. A boa marca deve causar arrepios no público – só de ser mencionada.

Princípio 2 – O verdadeiro líder não fica preso.
Mesmo que seu corpo esteja limitado e restrito. Sua mente nunca deve ser refém de nada! Deixe-a solta e criativa.

Princípio 3 – Seja objetivo e determinado.
Exija sempre o melhor. Para si e para seus comandados. Mesmo que você esteja numa situação de baixa e totalmente limitado pelas circunstâncias. Pelas suas exigências (às vezes absurdas) é que você conquista respeito e liderança.

Princípio 4 – Use datas chaves para criar eventos simbólicos e emblemáticos.
Pegue carona na comemoração de datas festivas e faça sinergia. Deixe sua marca estabelecendo associação com força e impacto.

Princípio 5 – Retire-se do meio da agitação.
Isole-se da população e do convívio social. Enclausure-se e tenha tempo livre para pensar e refletir. Muito tempo.

Princípio 6 – Seja um autodidata.
Não dependa do sistema escolar vigente. Despreze o diploma. Leia bastante: boas biografias e clássicos. Aprenda com Dante e com Sun Tzu.

Princípio 7 – Acredite na comunicação moderna.
Use Telemarketing, Centrais de Telefonia, Celulares e Mensagens de texto. Aproveite a internet: redes de relacionamento, grupos, chats e e-mail. Não apareça diretamente na mídia. Deixe que os outros falem de você. Crie uma mística em torno de sua pessoa.

Princípio 8 – Seus associados e comandados devem ser como um exército de formigas: trabalhando para o bem da sua coletividade.
Você sabe que é impossível agradar a todos.

Princípio 9 – Use a força do network através de seus associados e os parentes de seus associados.
Use e abuse da colaboração e da contribuição de terceiros – os que estão com você ou contra você. O importante é o network.

Princípio 10 – Faça um bom buzz marketing.
Comece pelo boca a boca, transforme um punhado de pulverizadores em disseminadores de mensagens misturadas entre fatos verdadeiros e falsos. Use de fatos bombásticos, associe com mensagens metralhadas a esmo. Faça o impacto em locais chaves. Comece com sussurros e termine com gritarias. Abuse das lendas urbanas, das fofocas e deixe as pessoas transmitirem as mensagens. Conte com a emoção das pessoas.

[Nota: Sei muito bem o significado – muito triste por sinal – do terror que vivemos e sobrevivemos destes três dias. Mas do ponto de vista do que estamos discutindo – on going discussion (como diria os gringos) – aqui no Espicaçando, é curiosa – no mínimo – a análise da metodologia adotada pela bandidagem. Não se trata de defesa ou apologia de seus métodos cruéis e criminosos!]