Espicaçando o Marketing

Em tempos bicudos, de transformações e mudanças, há que espicaçar. Quem pode espicaçar? Todos e cada um que tem um mínimo de discernimento do presente e sabem que à semelhança do que aconteceu com o Titanic, não tem sentido continuar tocando na orquestra.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

O Cactos e a Floresta


Pensamento sistêmico é uma das disciplinas apregoadas por Peter Sengepara levar a empresa para sua superação, aprendizado e transformação. Em seu livro (A Quinta Disciplina), Senge estabelece que a empresa só será um organismo vivo (e por conseqüência promotora de mudanças) – se e somente se – abraçar cinco disciplinas.

Só como lembrete, as cinco disciplinas são: Visão compartilhada, Modelos mentais, Aprendizado em time, Maestria pessoal e Pensamento sistêmico. É claro que isso se aplica para a empresa como um todo. A começar pela direção. E tem tudo a ver com Marketing.

Já ouvi mais de uma vez que nós adultos somos iguaizinhos às crianças. Ou seja – crescemos e ainda assim carregamos coisas (modelos mentais) como se ainda fossemos criança. Se você dá para uma criança um martelo, ela vai achar que tudo é pra martelar, e vai passar a bater o martelo pela casa toda. Eu já fiz isso quando tinha 5 anos de idade. Não, não foi meu pai que me deu o martelo. Eu achei aquele instrumento de transformação e me pus a concertar o mundo. Só estragos...

Quando nos deparamos com desafios, logo colocamos em uso nosso martelo. Costumamos achar que a solução virá pelo jeito de se martelar. E habilidade nós temos é claro.

Daí que o diretor muitas vezes assume derrotas antecipadas ao abraçar um desafio com o mesmo empenho e tática utilizados na construção de seu empreendimento. E escorrega feio! Ou então – você e eu, que já vivemos bem com duas ou três boas ferramentas de marketing, abraçamos também o desafio, acreditando que vamos martelar a solução.

E problemas são problemas e outros problemas são outros problemas. O telemarketing não é uma panacéia. O marketing direto pode ser bem aplicado em campanhas ... mas existem campanhas e outras campanhas. A internet é maravilhosa – em muitos e variados aspectos, mas ...

Esse mas é para considerarmos a floresta como um todo – não apenas uma das árvores.

Se você fosse o Howard Schultz, fundador e CEO da Starbucks, você viria para o Brasil abrir lojas para vender cafezinho a partir de R$2,50 e investir milhões com vistas a conquistar uma multidão de clientes?

Se você fosse um empresário de transportes urbanos (o sr. Constantino por exemplo) com uma grande frota de ônibus, se aventuraria no setor combalido da aviação, apostando milhões de dollares do seu próprio bolso?

E o que dizer do segmento cinematográfico brasileiro – sempre quebrado, subsidiado, roubado e esquecido. Você entraria numa parceria para um filme melancólico contextualizado no ano da conquista do TRI (Felix, Carlos Alberto, Clodoaldo, Rivelino, Jairzinho, Paulo César, Gérson, Tostão, Pelé ...)?

Plax, Scope, Fluomint e Listerine são marcas que ganharam um Mercado enorme nestes últimos anos após a virada do Milênio. Um mercado praticamente inexplorado e pífio, hoje ocupa uma linha de destaque nas planilhas de análise de contribuição de lucros.

A discussão a que proponho é que para mim, parte do sucesso dessas empreitadas e ações de marketing e vendas, está muito ligado à visão da floresta como um todo e não tem nada a ver com o esbarrão traumático que muitas vezes damos num cactus isolado. Este último é um bom representante do deserto.

Mas e a floresta? Será que não a enxergamos?