Espicaçando o Marketing

Em tempos bicudos, de transformações e mudanças, há que espicaçar. Quem pode espicaçar? Todos e cada um que tem um mínimo de discernimento do presente e sabem que à semelhança do que aconteceu com o Titanic, não tem sentido continuar tocando na orquestra.

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Mais do que amigo secreto


Sabemos que o Natal é muito mais do que panetone e papai Noel.

E muito mais do que confraternização, troca de cartões e amigo secreto.

Muita coisa na nossa vida ultrapassa as fronteiras do que consideramos a nossa realidade. Theodore Levitt, numa obra magistral (Miopia em marketing - 1960), rompeu a concepção simplória do marketing ao criticar a visão limitada que organizações têm de seus negócios, desafiando para a redefinição de mercados com perspectivas mais abrangentes e oportunas.

Nestes últimos 50 anos, sabemos que concorrência empresarial realmente tem se intensificado. E com a globalização, as tecnologias e a criatividade, novos mercados foram sendo criados, deixando para trás indústrias que se commoditizavam. A obsolescência é uma força real que atua sempre mais, com muito mais força e velocidade.

Inovação é uma palavra de ordem hoje, porém considero que Visão Sistêmica e Pensamento Profundo são alicerces confiáveis para se re-pensar nosso negócio. O primeiro termo, já foi mencionado em nosso blog, aqui. Lembramos de Peter Senge como uma das personalidades expoentes em seu estudo e referência. O último tem em Edward Deming a fonte essencial para teoria e entendimento.

O momento é para festas, confraternização, descanso merecido e de nos voltarmos com atenção para nossas famílias. Mas assim como os grandes nomes do meio acadêmico e empresarial nos ajudam a perceber que as coisas são muito mais do que vemos e pensamos, que também encaremos nosso fim de ano com um pouco de reflexão e profundidade.

domingo, dezembro 17, 2006

Você é a personalidade do ano!


Nesta época, além dos preparativos para as festas, férias coletivas e décimo terceiros, a mídia americana faz um bom auê em cima da última edição do ano da revista Time. A razão é simples. Eles escolhem o homem (personalidade) do ano.

Para quem tem cabo e acompanhou via CNN, teve a oportunidade de assistir um especial que mostrava a decisão da personalidade, evoluindo a cada semana em reuniões e discussões de editores e gente de dentro da revista.

Como podemos ver pela foto ilustrativa - a escolha caiu sobre VOCÊ. Bem na verdade é YOU, mas pode-se dizer que é a mesma coisa em português. Mas se YOU olhar com mais cuidado, verá que tudo tem a ver com o computador e a internet.

Parece que a revolução ainda não televisionada, vai ser pelo menos antecipada pela mídia impressa!

O que tem de especial para o Marketing? YOU pode estar me perguntando. Bem tem tudo a ver com essa mudança de eixo, que todos nós que atuamos corporativamente percebemos e sentimos. O cliente está saindo do 'nosso' controle e agora está se tornando uma pessoa - não mais aquela massa sem rosto e sem individualidade. É realmente a sua transformação para ser um YOU de verdade. Assim como eu sou, assim como YOU é!

Certamente tem um lado muito positivo nisso tudo. YOU não acha? Já está ficando cada vez mais difícil para se trabalhar com esse novo ambiente e suas novas regras. Por isso temos que mudar. Muito não sabem bem pra que lado. Mas sabem que tem que mudar! Aqule negócio de garantir resultados e ter certeza do caminho a ser trilhado ... ôpa - não são mais assim. A abordagem tem que ser feita de outra maneira. Afinal as coisas mudaram. Há que inovar!

Bem, no fundo, o Espicaçando é um pouco sobre isso. Pelo menos tentamos. Já que é pra mudar, que tal YOU me dar umas dicas?

quinta-feira, dezembro 14, 2006

A hora e a vez do consumidor (1)

Viral Learning Center

Veja só esse Instituto para se aprender a fazer marketing viral.

Customer is King! O cliente é quem manda! Vamos fazer os clientes nossos defensores!

Estas são algumas das máximas do novo marketing. E como tudo neste mundo redondo que dá voltas, já estamos caindo na pegadinha da institucionalidade da informalidade. Como lhe soa uma idéia de um Instituto para o Marketing Viral? No começo parece tão real - que perigas de você ligar para lá e fazer sua matrícula. Não deixou de ser um vírus.

Agora a Pepsi Espanhola quer a sua participação, aqui. Já vimos isso acontecer - e fugindo de controle - na GM americana, lembra-se? Postamos a respeito aqui!

O informal e o natural sendo formal e artificial. Que vida a nossa, não!? Dá até saudades dos discos LP e da velha Remington.

A hora e a vez do consumidor (2)

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Participe voce (sério) de um desenho colaborativo. Aqui. Perceba a participação internacional e criativa para se desenhar. O site já tem algum tempo. O nome é complicated mas a ideia é inteligente. Voce acompanha os países e seus participantes na história da formação do desenho. E pode também dar os seus traços de Picasso tupiniquim! Experimente!

O desenho ilustrativo tem o titulo de New York Marathon. Você pode ve-lo estático, pode ve-lo sendo 'construído' ou pode ver quem desenhou por nome (apelido) e origem!

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Pense ........... da caixa!


Minha admiração pelo Professor Pardal remonta aos anos de minha infância. Creio que ele foi uma influência na prematura escolha pelo científico (colegial de exatas para os mais moços). Só que a Química e a Física berraram mais alto, e com o susto, fui para outras paradas.

Mas permaneci ligado às novidades, à criatividade e ao aprendizado. As palavras do mestre Peter Drucker têm me servido como guia em minha missão corporativa: a Inovação é o abandono sistemático do passado. Tanto é que tenho me dedicado ao tema nestes últimos dez anos, ou mais.

Ao olhar a Inovação pelo lado Corporativo, cheguei a definir como a Empresa dominando os vários canais e instrumentos de marketing, visando maior intimidade com seus clientes.

Hoje uma rápida passada na livraria Cultura faz você perceber que o tema INOVAÇÃO está na pauta e assim permanecerá por mais uns anos. Até virar panacéia como fizeram com o CRM e outras siglas e temas administrativos. Esvaziam o seu conteúdo e a empresa quando embarca, sai dela pior do que quando entrou.


Mas enquanto o tema fica na nossa agenda, deixe-me compartilhar o livro acima, que ainda não li, mas que gostei (bastou ‘folhear’ no Amazon). É o inverso do ‘pensar fora da caixa’. O livro retrata que muitas vezes abandonamos prematuramente a saída que existe no ‘ambiente fechado’ e queremos buscar algo muito distante da solução mais simples.

O livro chama-se The Houdini Solution – Colocando a Criatividade e a Inovação para trabalhar ao se pensar dentro da caixa.

Destaco a chamada do capítulo 9: Houdini não inventou a mágica, ele a re-inventou.

A Inovação tem que ter esse aspecto prático da re-invenção: trazer algo de valor para o cliente, torná-lo mais próximo e mais fiel. Tem que trazer algum resultado positivo: pode ser numa experiência positiva, pode ser numa economia, num ciclo de tempo que se diminui, enfim – que o cliente perceba como vantagem ou valor adicionado.

Por isso marqueteiros de nosso Brasil verde-amarelo e varonil, vamos colocar nossas barbas de molho e prestar mais atenção à Inovação!

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Para refrescar nossa memória (parece que tem ou passou um filme sobre ele recentemente), Houdini foi um dos grandes ‘performers’ como ilusionista e aceitando desafios de fuga de situações de total aprisionamento (em malas, caixas, algemado e acorrentado). Ele era o mestre das escapadas, não importando quão forte e meticulosamente ele estivesse algemado. Morreu de uma peritonite aguda, no leito do hospital, e não de acidente por causa de uma de suas performances (como a lenda urbana nos faz acreditar).

É isso aí – Marketing também é cultura!

domingo, dezembro 10, 2006

Memória e Recall


Como podemos comunicar bem, e ao mesmo tempo atuar nas mentes e corações de nossa audiência (evitando, é claro, de chamá-los de público alvo).

Parece que o pessoal de San Francisco nos USA desenvolveu uma maneira de ir direto ao ponto. Há uns 10 anos atrás fizeram uma pesquisa nos bairros de Perdizes, Pompéia e Sumaré, com os moradores para se saber o que mais incomodava. Não era a violência - era a bosta dos cachorros (não eles - mas o que eles faziam nas calçadas).

A chave é educar de maneira que todos entendam. E se lembrem. No Canadá, em Vancouver para ficar na certeza, me dizia ilustre visitante, se não recolher o que o cachorro sujou, a multa é de $100 (o dolar canadense é praticamente igual ao americano). Às vezes a multa faz a gente lembrar melhor.

E por falar em recall visual, leio na Folha - caderno Mais:

Nelson Brissac conta que, numa de suas vindas a São Paulo, Jean Baudrillard pediu para rever "uma bunda" que o encantara em visita anterior. Nenhum monumento oficial marcara o filósofo, mas um enorme painel que ficava no largo do Arouche, uma publicidade sabe-se lá para que, pois as bundas vendem qualquer coisa.

Encalacrado nos engarrafamentos ou desviando o olhar por uma janela mais elevada ou ainda andando pelas ruas, depara-se com a fantasia dessa imagens. Curiosamente, elas ficam na memória mais do que os próprios produtos anunciados. Isso, porém é problema de marqueteiros e publicitários.

quarta-feira, dezembro 06, 2006

Choque de mundos!


Como descobrir coisas legais e como acompanhar tanta informação?

Um exemplo disso é o que descobri com o autor de Smart Mobs, Heingold. Foi ele quem me chamou a atenção pra esse link. E fui lá me divertir e aculturar. É sensacional. Chama-se gapminder, e serve como várias aulas de Economia.

Recomendo a todos - é uma experiência viva da Economia global e servirá em muito para a boa cidadania. Engula seco se você é brasileiro. Veja as tendencias e os países em suas corridas no cenário mundial!

Por exemplo, veja a China colidindo com o Brasil. É facil basta clicar no Brasil e na China, coloque o botão em 1975 (o do lado do PLAY), e conduza-o com o mouse clicado atá 2004. Entendeu como é fácil mostrar a situação que estamos? Brinque mais, usando a Índia e a Russia também (desde 89). Veja como é o BRIC e deduza se teremos chances ...

Mas a postagem não é sobre isso. É sobre a carga excessiva de informação e o risco de se afogar.

Como é que fico sabendo das coisas - voce pode me perguntar.

Não, eu não fico pesquisando via favoritos e lendo, e abrindo cada página. Eu uso duas ferramentas excelentes: uma é o techonorati - que literalmente caça quem está falando do que (ou de quem - últimamente a Britney Spears é campeã de busca) - e você vê os vários resumos na hora, sem sair desse site. Cada resumo indica assim: postado há tantas horas. Ou seja é pão quentinho!

E o outro é o bloglines que como uma linha amarrada nos blogs selecionados, vão alimentando à medida que você precisa de atualização. Basta uma leitura (via clique) que você tem o blog desejado aberto para ler (sem sair do site) e ao passar para outro blog ou feed (aquele que voce quer monitorar ou acompanhar) que ele considera lido, sem repetir coisas velhas no dia seguinte. Você tem um recurso legal que é preservar uma determinada postagem - então você deixa 'tagado' que aquele item não será 'esquecido'.

A vida fica mais complicada com o excesso de informação - mas o outro lado da moeda é o fato de que temos ferramental para acompanhar toda essa carga, filtrando e escolhendo o que nos interessa - e sem se preocupar na leitura imediata. Você pode reservar para ler no seu melhor momento.

A vida é melhor digital ... Você não acha?

domingo, dezembro 03, 2006

revolução ponto digital


Uma das pesquisadoras foi bem enfática. Lara Srivastava dizia que ... "estamos no meio de uma revolução digital". Para se ter idéia do que estava falando - alguns destaques:

- As conexões de telefonia fixa levaram 125 anos para alcançar a marca de 1 bilhão (2001).
- As conexões de telefonia celular em 2002 - após 21 anos alcançavam a mesma marca, e com perpectivas firmes de crescimento continuado.
- Nos próximos dois anos metade da população mundial estará conectada via celular.

Isso precisa ser muito bem entendido pelos marketeiros. Não acredito que seja algo para o longo prazo. A idéia da inclusão digital está mais vinculada ao meio telefônico móvel do que à internet por computador. Com ou sem convergência, as coisas nunca mais serão as mesmas.

Eu sei que é chavão - mas tenho certeza que não estamos prestando atenção.

Começa hoje e vai até o dia 8 a Telecom World - sediada desta vez em Hong Kong. E o estudo que mencionamos faz parte do relatório especialmente preparado para o evento.

O relatório tem o nome de digital.life - vida.digital.

Esse relatório deve ser o mais importante documento-referência para se entender o consumidor e como as influências das tecnologias formarão o nosso futuro (estilo de vida, cultura, mercados ...).

É uma obrigação seu estudo (mais do que simplesmente ler), para todo marketeiro - quer vista preto ou não.

Capítulo 1 - ser.digital

Capítulo 2 - estilosdevida.digital

Capítulo 3 - negócio.digital


Capítulo 4 - identidade.digital

Capítulo 5 - Vivendo o mundo digital

Estatisticas básicas -

Verifique no quadro ao lado (caso você não tenha ido até o link das estatísticas) que o mundo já apresentava mais de 2 bilhões de celulares em uso - o Brasil contribuindo com 86 milhões. O passado tem a ver com o fechamento da contagem: 31 de dezembro de 2005.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

O Cactos e a Floresta


Pensamento sistêmico é uma das disciplinas apregoadas por Peter Sengepara levar a empresa para sua superação, aprendizado e transformação. Em seu livro (A Quinta Disciplina), Senge estabelece que a empresa só será um organismo vivo (e por conseqüência promotora de mudanças) – se e somente se – abraçar cinco disciplinas.

Só como lembrete, as cinco disciplinas são: Visão compartilhada, Modelos mentais, Aprendizado em time, Maestria pessoal e Pensamento sistêmico. É claro que isso se aplica para a empresa como um todo. A começar pela direção. E tem tudo a ver com Marketing.

Já ouvi mais de uma vez que nós adultos somos iguaizinhos às crianças. Ou seja – crescemos e ainda assim carregamos coisas (modelos mentais) como se ainda fossemos criança. Se você dá para uma criança um martelo, ela vai achar que tudo é pra martelar, e vai passar a bater o martelo pela casa toda. Eu já fiz isso quando tinha 5 anos de idade. Não, não foi meu pai que me deu o martelo. Eu achei aquele instrumento de transformação e me pus a concertar o mundo. Só estragos...

Quando nos deparamos com desafios, logo colocamos em uso nosso martelo. Costumamos achar que a solução virá pelo jeito de se martelar. E habilidade nós temos é claro.

Daí que o diretor muitas vezes assume derrotas antecipadas ao abraçar um desafio com o mesmo empenho e tática utilizados na construção de seu empreendimento. E escorrega feio! Ou então – você e eu, que já vivemos bem com duas ou três boas ferramentas de marketing, abraçamos também o desafio, acreditando que vamos martelar a solução.

E problemas são problemas e outros problemas são outros problemas. O telemarketing não é uma panacéia. O marketing direto pode ser bem aplicado em campanhas ... mas existem campanhas e outras campanhas. A internet é maravilhosa – em muitos e variados aspectos, mas ...

Esse mas é para considerarmos a floresta como um todo – não apenas uma das árvores.

Se você fosse o Howard Schultz, fundador e CEO da Starbucks, você viria para o Brasil abrir lojas para vender cafezinho a partir de R$2,50 e investir milhões com vistas a conquistar uma multidão de clientes?

Se você fosse um empresário de transportes urbanos (o sr. Constantino por exemplo) com uma grande frota de ônibus, se aventuraria no setor combalido da aviação, apostando milhões de dollares do seu próprio bolso?

E o que dizer do segmento cinematográfico brasileiro – sempre quebrado, subsidiado, roubado e esquecido. Você entraria numa parceria para um filme melancólico contextualizado no ano da conquista do TRI (Felix, Carlos Alberto, Clodoaldo, Rivelino, Jairzinho, Paulo César, Gérson, Tostão, Pelé ...)?

Plax, Scope, Fluomint e Listerine são marcas que ganharam um Mercado enorme nestes últimos anos após a virada do Milênio. Um mercado praticamente inexplorado e pífio, hoje ocupa uma linha de destaque nas planilhas de análise de contribuição de lucros.

A discussão a que proponho é que para mim, parte do sucesso dessas empreitadas e ações de marketing e vendas, está muito ligado à visão da floresta como um todo e não tem nada a ver com o esbarrão traumático que muitas vezes damos num cactus isolado. Este último é um bom representante do deserto.

Mas e a floresta? Será que não a enxergamos?